"Se exponho a você minha nudez como pessoa, não me faça sentir vergonha!"

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Eu quero

Olhos cor da noite
Prata do luar

sábado, 29 de novembro de 2008

A noiva...

E o Oscar de melhor atriz vai para... Tchan tchan tchan tchan... Helen Victoy! É isso mesmo, Helen Victoy. Ela é jovem, bonita e já tem nome de artista, mas a vontade de ficar famosa – só pode ser isso! – fez a moça se meter em uma tremenda enrascada. Uma cilada digna de cinema.
O enredo é o seguinte: Helen acaba de anunciar, na imprensa, que vai se casar com Mohamed D’Ali. Para quem não se lembra – se é que isso é possível – o rapaz de 20 anos é o assassino confesso da inglesa Cara Burke. Ele esfaqueou, esquartejou, jogou as partes do corpo em um rio e, depois, enviou mensagens de celular contando aos amigos que tinha “acabado com a vadia”.
Nada que atrapalhe os sonhos da futura senhora D’Ali. O casamento deve acontecer em janeiro, com uma cerimônia civil, no pátio da cadeia. Helen está ansiosa e garante que tem o apoio da família. “Só porque ele esquartejou?! Matar, todo mundo mata!”. Pára tudo! Eu quero descer. “Matar, todo mundo mata”? Não é bem assim, não...
A moça também disse, em um programa de TV, que confia em Mohamed e que o caso só teve tanta repercussão porque Cara Burke era loira e tinha os olhos azuis. “Se fosse uma pessoa de cor e cabelo ruim, ninguém estaria nem aí”. Meu Deus, o que essa criatura tem na cabeça? Por acaso, a fisionomia de uma vítima justifica a brutalidade de um crime? E que brutalidade!
Helen Victoy tem o direito de se casar com quem bem entender. Perdoar, ou não, Mohamed também é um problema só dela. Mas a partir do momento em que a moça faz declarações estapafúrdias na mídia, não dá mais para controlar a opinião pública. E como não se indignar? A emissora de televisão onde a entrevista foi veiculada recebeu dezenas de ligações. Todas de telespectadores estarrecidos com a banalização de um dos crimes mais chocantes do Estado, talvez do mundo. “Matar, todo mundo mata!”.
A personagem principal da polêmica também telefonou. Queria reclamar. O programa estaria “debochando” dela. Quando foi questionada se havia se arrependido de conceder a entrevista, ela respondeu que não. Helen só queria deixar claro que, “se ninguém critica a homossexualidade do apresentador, ele também não pode criticar Mohamed”. Pára, que eu quero descer de novo! Essa moça classifica a opção sexual de um homem de bem como crime? E o pior, um crime como o praticado por Mohamed?
Em um mundo onde o ter e o aparecer se transformaram em valores, só nos resta aplaudir cenas como a de Helen Victoy dando um beijo cinematográfico no assassino de Cara Burke. O cenário foi o Fórum de Goiânia, onde o rapaz prestaria depoimento. Como tudo estava sendo acompanhado de perto pela imprensa, o casal repetiu a cena até que todos pudessem captar a imagem. Pronto, flashes para todos os lados. Parece até que eu já vi esse filme. O nome seria A noiva de Chucky?! Não, é melhor A noiva de Mohamed.

domingo, 23 de novembro de 2008

Hey

No creas que te guardo algún rencor
Es siempre más feliz quien más amó
Y ese siempre fui yo
por Julio Iglesias

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Repouso absoluto

Caldas Country Fest: overdose de música sertaneja. Eu fui! E tudo parecia perfeito até a maldita enxaqueca chegar. Também, não há cabeça que resista à combinação bombástica de muita cerveja, pouca comida, nada de sono, sol forte e piscina de água fervendo. Resultado: remédio e repouso absoluto. Repouso? Pobre de mim...
Fiquei hospedada em frente ao point de Caldas Novas. Uma praça tomada pelos fãs do som automotivo. Meu Deus, o que era aquilo?! A visão, e a audição, do inferno. Enquanto as mulheres dançavam descontroladas em cima dos carros (pareciam umas macacas), os homens exibiam motores e equipamentos de som super-hiper-mega potentes.
A batida era tão forte que disparava qualquer tipo de alarme. Quanta bagunça. Que barulheira. Que música insuportável! Era funk antigo, funk sensual e até o novíssimo, pelo menos para mim, funk proibidão. Baixaria pura. O mais alto grau de tortura para uma mente sã. No meu caso, não muito sã.
E assim foi a minha noite de sábado: trancada no quarto escuro, tentando suportar o pancadão que invadia o apartamento, entrava pelos ouvidos e explodia meus neurônios. Um por um! O pesadelo durou horas até que o tarja preta fez efeito e eu apaguei. Sonhei que tinha uma retroescavadeira e passava por cima de tudo. Acordei com um silêncio ensurdecedor, parecia milagre. Era dia e a garotada, certamente, descansava da noite tão movimentada. E eu que só queria ouvir uns “modão”, respirei fundo, fiz a minha mala e caí na estrada.
Que fique bem claro: adoro música, farra e gente. Mas tanta música, tanta farra e tanta gente no mesmo lugar é pedir para surtar. Com enxaqueca, então... Por isso, da próxima vez que eu disser que vou ao Caldas Country Fest, por favor, me impeça!

domingo, 16 de novembro de 2008

Destino. Existe?

"As coisas - quaisquer que sejam elas - sempre hão de sair do programa. Ainda bem, porque em geral as pessoas tendem a ser péssimas autoras de seus próprios roteiros"
por Isabela Boscov

domingo, 2 de novembro de 2008

Maldito relógio biológico!

Ontem, fui ao “chá de fraldas” – o velho “chá de berço” já era – de uma querida amiga. Uma feijoada deliciosa, amigos de longa data, conversa boa e a constatação inevitável: o mundo está se casando e tendo filhos. Pelo menos, o mundo à minha volta. Não que eu esteja desesperada. Imagina (risos)! O problema é que, às vezes, falta assunto.
É claro que dá para ser solidária e até compartilhar da felicidade dos recém casados, dos que fazem planos para a chegada da cegonha, da amiga que acabou de saber que está grávida, da que está prestes a ser mamãe e, ainda, da que se desdobra para dar atenção aos gêmeos. Mas chega uma hora em que a distância entre o mundo dos solteiros e o mundo dos que estão “constituindo família” fica escancarada.
“Está na hora de você providenciar um bebê”, desafia um amigo. “Eu?! Tá maluco?”, reajo meio sem pensar. No fundo, também acho que está “na hora”, mas como eu posso “providenciar” um bebê? Só porque eu quero? Possível é, mas uma produção independente nunca passou pela minha cabeça, está longe de tudo o que planejei. Bem, pelo menos até agora...
Até algumas feministas, como a americana Camille Paglia, já defendem que o maior dilema da mulher moderna é conciliar uma carreira de sucesso com o implacável relógio biológico. Homens e mulheres são biologicamente diferentes. Tudo bem que aquele namorado não esteja pronto para se casar e ter filhos – será que algum dia vai estar? – mas não dá para ignorar a natureza. A fertilidade da mulher é alta na juventude, mas começa a apresentar problemas com o passar do tempo, notadamente por volta dos 35 anos.
Maldito relógio biológico! Quero ser bem sucedida na profissão, mas não quero minha existência resumida ao trabalho. E já que ainda tenho um tempinho, sigo apostando no curso natural da vida. E que venham os bons encontros, as boas surpresas...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A sua

Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você
E como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem
por Marisa Monte

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Blindness

Ensaio sobre a cegueira.
Finalmente vi o filme.
Estou muda até agora.
Agústia, desespero e pessimismo.
Seres humanos sem controle e compaixão.
Tudo igualzinho à "vida real".
Algumas cenas embrulham o estômago.
É a "lei da selva".
Será que estamos ficando cegos?
O pior é enxergar!

sábado, 18 de outubro de 2008

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O grito

E eu... Não vou nada bem!

domingo, 12 de outubro de 2008

O Brasil explicado em galinhas

Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e levaram para a delegacia.
- Que vida mansa, heim, vagabundo? Roubando galinha pra ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai pra cadeia!
- Não era pra mim não. Era pra vender.
- Pior. Venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!
- Mas eu vendia mais caro.
- Mais caro?
- Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.
- Mas eram as mesmas galinhas, safado.
- Os ovos das minhas eu pintava.
- Que grande pilantra...
Mas já havia um certo respeito no tom do delegado.
- Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega...
- Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiro a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio.
- E o que você faz com o lucro do seu negócio?
- Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui a exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para os programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.
O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:
- Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?
- Trilionário. Sem contar o que eu sonego do Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.
- E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?
- Às vezes. Sabe como é.
- Não sei não, excelência. Me explique.
- É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. Do risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora. Fui pego, finalmente. Vou para a cadeia. É uma experiência nova.
- O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.
- Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
- Sim. Mas primário, e com esses antecedentes...
por Luis Fernando Veríssimo

sábado, 11 de outubro de 2008

“Cada povo tem o governo que merece”

Dez dos 18 vereadores que votaram, às escondidas, a favor da criação do 13º, 14º e 15º salários conseguiram se reeleger. Entre eles, estão: o campeão de votos desta eleição, Bruno Peixoto, do PMDB; e Clécio Alves, também do PMDB, principal articulador da manobra.

Para o filósofo francês Joseph De Maistre, “cada povo tem o governo que merece”. Mas eu pergunto: até eu, que não votei em nenhum desses “excelentíssimos” vereadores? Por uma questão de lógica, todos têm, mas nem todos merecerem um governo de oportunistas e interesseiros.

E já que o quadro é irreversível, só me resta divulgar a lista dos dez “mais” da nova Câmara Municipal de Goiânia. “Mais” o quê, você decide.

Anselmo Pereira (PSDB)

Bruno Peixoto (PMDB)

Clécio Alves (PMDB)

Geovani Antônio (PSDB)

Maurício Beraldo (PSDB)

Paulo Borges (PMDB)

Pedro Azulão Júnior (PSB)

Rusembergue Barbosa (PRB)

Santana Gomes (PMDB)

Virmondes Cruvinel (PSDC)


Eu não gosto de melancia

"Não deixe que as sementes o impeçam
de comer a melancia com prazer"

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

E se nos faltasse a visão?

Somos a geração do visual, do material e do instantâneo. O olhar, as relações e até a comida... É tudo tão alucinado que saborear, sentir e perceber não cabe na rotina de quem tem “mais o que fazer”. As horas passam depressa e o cineasta alemão Win Wenders diz, sabiamente, que temos excesso de tudo, menos de tempo.
Mas, “se o pior cego é aquele que não quer ver”, por que insistir nessa loucura? Para o autor do celebrado Ensaio sobre a cegueira, livro que virou filme, ter tudo em excesso é nada ter. José Saramago garante que nunca estivemos tão perto da alegoria da caverna de Platão. Somos bombardeados, o tempo todo, por imagens de todo tipo. Sombras que cremos reais.
E se nos faltasse a visão? Saramago diz que já estamos todos cegos da razão porque aquele que vê só com os olhos se afasta de si mesmo e do mundo. O músico Hermeto Pascoal concorda. Ele conta que pediu a Deus para ficar um tempo cego “porque olhando é tanta coisa ruim que a gente vê, que atrapalha a visão certa”.
Hermeto Pascoal, José Saramago e Win Wenders têm muito em comum. Além da arte e do fato de “sofrerem das vistas”, os três fazem revelações impressionantes sobre o “olhar” no documentário Janela da alma. Dirigido e co-dirigido por João Jardim e Walter Carvalho, o filme trata do ver ou não ver a partir de depoimentos de pessoas, famosas ou não, míopes ou totalmente cegas.
Mas se engana quem acha que o longa trata a visão apenas como um sentido. Janela da alma conduz o espectador por um caminho de luz entre as trevas e deixa claro que a maior deficiência não é a física, daquilo que não se pode ver, e sim a existencial, daquilo que não se pode sentir por meio do olhar.
De uma simplicidade perturbadora o filme permite ainda um comentário do escritor cego Leo Lama, que não figura entre os personagens. Para ele, “os mais cegos são os que não se enxergam sendo enxergados e, portanto, não se mostram por não se acharem sendo vistos. E isto é o que vemos: nós em tudo. Refletir é se espelhar em si”.

domingo, 5 de outubro de 2008

Inesquecível

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

sábado, 4 de outubro de 2008

Same mistake




I'm not calling for a second chance
I'm screaming at the top of my voice
Give me reason but don't give me choice
'Cause I'll just make the same mistake again
por James Blunt

sábado, 27 de setembro de 2008

100 anos depois

"Está morto: podemos elogiá-lo à vontade"
por Machado de Assis

Sem sentido

Nada quero
Tudo é pouco
Lembrar dói
Esquecer não posso

domingo, 31 de agosto de 2008

Dança comigo!

"O tango é um pensamento triste que se pode dançar"
por Enrique Santos Discépolo

Envelhecer com respeito

Hoje foi “Dia de fazer a diferença” no Lar de Idosos Sagrada Família. A iniciativa é mundial e, em Goiânia, foi coordenada pela Rede Record e seus parceiros. Eu fiz a diferença! Como boa cristã que sou, doei algumas horas do meu precioso domingo a velhinhos simpáticos e cheios de vida. Dancei, cantei, conversei, servi bebida e comida.
Que festa! Nunca vi tanto voluntário... Mas será que fazer a diferença é só isso? O que mudou na rotina desses homens e mulheres? Por acaso vão enfrentar a velhice com mais coragem e saúde? Sei que eles se divertiram e isso é muito importante, mas não é tudo.
Quanto a mim, posso garantir que o dia foi, no mínimo, diferente. Ficar cara a cara com a realidade incomoda. Apavora pensar em envelhecer. E eu não estou falando da falta de políticas públicas para o idoso no Brasil, eu estou falando de família. Quem vai cuidar de mim? E, bem antes disso, de quem eu vou cuidar?
Também dá medo pensar que, provavelmente, eu não esteja preparada para o envelhecimento daqueles que amo. E está na hora de começar a pensar no assunto. Apoio, atenção e carinho! É o mínimo que um filho deve oferecer àqueles que lhe deram a vida.
Parece egoísmo, mas se cada um amparasse, pelo menos, o seu idoso, os abrigos não estariam tão cheios de tristeza e abandono. Vamos cuidar dos nossos “velhos” e, mais do que isso, vamos preparar as novas gerações para que cuidem de nós. Isso é respeitar o futuro. Isso é fazer a diferença!

A fé no futuro


O que será a felicidade?

"Na vida material,
a posse do necessário

Na vida moral,
a consciência tranqüila e a fé no futuro"
Uma homenagem à vida

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Por quê?

Eu não existo longe de você
E a solidão, é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo...

Por quê? Por quê?
por Adriana Calcanhotto

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A vaga e a fera

A cena é comum. Tenho certeza de que você já experimentou, pelo menos, algo parecido. É tarde de sábado e resolvo dar uma “passadinha” no shopping para sacar dinheiro no caixa “rápido”. Uma, duas, três... Cinco voltas depois e nada de encontrar uma vaga no estacionamento.
Já estou “quase” ficando irritada e eis que surge uma luz no fim do túnel. Sinalizo e aguardo, educadamente, a minha vez de ocupar o espaço. Até porque precisava dar passagem para o carro que saía. Mas eis que surge uma sombra no fim do túnel: um espertinho ocupa a minha vaga. Minha vaga!
Com aquela calma singular de quem está prestes a enfartar encarei o atrevido e cuspi: “você não viu que eu cheguei primeiro?”. Ele cuspiu de volta: “chegou?! E daí?”. Depois dessa incrível demostração de civilidade, o melhor que eu consegui dizer foi: “pode ficar com a vaga, seu mal-educado!”. “Pode ficar com a vaga?!”. Brilhante resposta! Ele deve ter dado boas gargalhadas. Eu, urrando como uma fera, saí sem olhar para trás.
Ah, mas eu tinha um plano... Depois que o troglodita deixasse o estacionamento e entrasse no shopping, eu faria picadinho dos pneus do carro dele. Já tinha escolhido até a trilha sonora do filme Psicose, de Alfred Hitchocock, para a minha vingança. Mas a fantasia durou pouco. No universo infinito de objetos que povoam a minha bolsa, não havia uma faca. Nem uma tesourinha sequer. Afinal, por que eu andaria armada?
E já que não aprendi a fazer justiça com minhas próprias mãos, eu pergunto: como agir em uma hora dessas? Será que não poderiam criar uma lei para proteger a sociedade dos mal-educados? Eu queria, pelo menos, saber o que dizer. E enquanto não aprendo, agradeço por ter recebido de herança as regras básicas do convívio social.
Dizer as palavrinhas mágicas: “obrigada”, “por favor” e “com licença” não é frescura. Longe disso! Enquanto os pais não se conscientizarem de que são responsáveis pela boa educação dos filhos, continuaremos vivendo em um mundo onde é comum, e até aceitável, furar a fila do elevador, jogar papel pela janela do carro e falar palavrão em público. Enquanto não ficar claro que o “meu direito termina onde começa o do outro”, a convivência no mundo estará ameaçada.

domingo, 20 de julho de 2008

Palavras duras

“O que contamina o homem não é o que entra pela boca e sim o que sai dela”
por Jesus Cristo

domingo, 13 de julho de 2008

Eu sou uma pessoa muito especial

Bisbilhotando blogs alheios encontrei um texto que me despertou a atenção. Uma jovem, aposto que é bem jovem, desabafa, ou melhor, desaba. Ao descrever a conversa que teve com um amigo, ela revela uma decepção tão intensa que fiquei comovida.
A menina é apaixonada pelo rapaz e resolve se declarar. Ele se envaidece com a confissão e, no auge do seu orgulho, diz simplesmente: “você é uma pessoa muito especial, mas gosto de outra”.
Pára tudo! Tem coisa pior do que ser especial e não tirar proveito disso? E “muito” especial, então?! Naquela hora a pobre coitada queria qualquer coisa, menos ser especial. Ele que dissesse: “você é feia”, “não faz meu tipo” ou “chegou tarde demais”. Tudo, menos “você é uma pessoa muito especial”. Essa frase está carregada de mensagens subliminares e a verdade é: “especial, mas não para mim”.
E tem mais, quem não é especial? O que é ser especial? Sejamos mais honestos! Eu sou um pessoa muito especial e você também. Mas, e daí?

Flor da pele

Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela" me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final

Um barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Um bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras suicido
por Zeca Baleiro

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Longa espera


"Se a vida é uma longa espera
Então ensina-me a te esperar
Se a vida é breve primavera
Deixe-nos dela beber e já"

terça-feira, 1 de julho de 2008

Morrer sem medo

“A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A reverência pela vida exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir”, escreveu Rubem Alves sobre a morte e o morrer. Mas o que é a vida e como será a morte? A minha, a sua, a de alguém que amamos...
A morte não me sai do pensamento desde que me despedi de uma linda e alegre jovem que sucumbiu ao câncer. Sucumbiremos todos. Morrer é uma realidade irreversível no mundo dos vivos. Mas a vida é tão boa, não quero ir embora! Mário Quintana tem razão: “morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver”.
As religiões defendem que a morte do corpo não é o fim. Existe algo mais e as possibilidades são muitas. Seja no despertar de um sono profundo, no céu, no inferno ou na reencarnação. A vida é sempre eterna. Há quem diga ainda que o nascer, tão festejado por quem o assiste, é uma experiência de morte para o feto. O bebê perde a placenta, que é uma parte de si mesmo, além de deixar o seu habitat, o útero, e sua segurança de vida, o interior da mãe.
Então, se o nascimento para nós é o resultado de uma “quase” asfixia, por que temer a morte? Bom mesmo seria se, depois de certa, a “passagem” fosse mansa e sem dores, longe dos hospitais e em meio às pessoas queridas. Rubem Alves encontrou até uma padroeira para a despedida: a Pietà, de Michelangelo, com o Cristo morto nos braços. No colo daquela mãe o morrer não causaria tanto medo.

sábado, 21 de junho de 2008

Sem medida


Não consigo escrever. Nada de análise, crítica ou comentário sobre qualquer assunto. Fazer graça, nem pensar... As piadinhas de bom ou mau gosto, sempre tão bem-vindas, se foram. Meus pensamentos estão por aí, perdidos em algum canto da memória ou da face da Terra.
Mas não, não é o fim. É só um tempo. E não é para ficar triste, muito pelo contrário. A pausa é boa, demais! O sentimento que me tomou é indescritível. Sei exatamente do que se trata, mas não sei dizer... O que ficou foi um cheiro, um gosto, um toque. Saudade.
Minha mente está fechada para balanço. Não sei, e não posso, fazer outra coisa senão lembrar. E não quero esquecer, não vou esquecer. Fiquei, ficou... Na medida!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Quando penso em alguém

É por você que fecho os olhos...
Da sua...
Noite

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Pode me chamar de preguiça

Minha esteira esconde um mistério. Aliás, estou cada vez mais convencida de que todas as esteiras do mundo guardam um grande segredo. É isso mesmo! Aquele aparelhinho elétrico que um dia foi o meu sonho de consumo, agora está me tirando o sono. Mas por que o ilustre equipamento passou de objeto de consumo a encosto?
O pesadelo começou quando decidi investir o meu rico dinheirinho naquela esteira linda, último lançamento, que enfeitava o corredor do shopping mais próximo da minha casa e me hipnotizava toda vez que eu passava. “Aceleração eletrônica por tecla, dois níveis de inclinação, painel com cinco janelas (velocidade, tempo, distância, caloria e pulsação) e a incrível tabela de controle cardíaco”. Tudo isso sem falar no “altíssimo índice de queima calórica e no enrijecimento das pernas”. Maravilha!
Resumindo: é claro que comprei! Dez pagamentos de 160 reais. Uma pechincha por um verdadeiro milagre. Seria fácil e indolor, garantia do vendedor. Minha esteira elétrica era “dobrável, fácil de executar e de guardar”. Só me restava colocar o aparelho mágico bem em frente à TV da sala e caminhar ou, quem sabe um dia, correr. Era o fim das terríveis gordurinhas localizadas.
Mas eis o enigma: minha esteira, tal qual o lobisomem, se transformou em um monstro. Aquela coisa feia no meio da sala não era mais a minha salvação. De artigo de luxo, privilégio de poucos, passou a cabideiro. Pasmem! Todos os moradores da casa penduram algum tipo de objeto no ex-milagre. Preciso confessar que caminhei e até corri, mas o entusiasmo durou pouco, muito pouco. Uma única vez para ser mais precisa, até que fui dominada pelo poder secreto das esteiras.
Então eu pergunto: por que um equipamento tão atraente, e tão caro, acaba inutilizado dentro de casa? Quem nunca aposentou uma esteira elétrica? O que fazer se ninguém se interessa pelo objeto depois que ele sai da loja? Vou revelar o mistério: o nome do aparelho é esteira, mas pode chamar de besteira. O bom é caminhar na rua, vendo gente. Ou na academia, pagando mensalidade, e vendo gente.
Mas o melhor mesmo é não caminhar, não fazer nada. Devo revelar que parei de vez, não estou mais malhando, nem em casa nem na academia. Meu lado Garfield me dominou, pode me chamar de preguiça, mas essa é uma outra história. Concluindo: esse negócio de equipamento milagroso é uma grande besteira, ou seria uma grande esteira?!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Horizonte


O sonho é ver as formas invisíveis
da distância imprecisa, e, com sensíveis
movimentos da esperança e da vontade,
buscar na linha fria do horizonte
a árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte.

Os beijos merecidos da Verdade.
por Fernando Pessoa

sábado, 24 de maio de 2008

Sem você


"Nem o tempo me faz companhia. Não me arranca essa agonia de viver..."

Orkut, Orkut meu!

“Há no mundo alguém mais bela do que eu?”. A pergunta da rainha vaidosa foi feita a um espelho mágico há muito tempo, em um reino bem distante. Hoje, o melhor seria fazer o questionamento a outra ferramenta, muito mais poderosa: o Orkut!
Para a psicóloga e psicoterapeuta Jordana Yaspers, o Orkut é uma espécie de instrumento para os vaidosos. “Você já viu alguma foto com a legenda: ‘eu entrando no prédio do SPC’, ‘deprimida depois da demissão’ ou ‘chorando quando meu namorado me largou’? Muito pelo contrário, as pessoas estão sempre lindas, bem-sucedidas e felizes no Orkut”, diz ela.
Jordana explica que a vaidade é o desejo de atrair a admiração de outras pessoas e que a necessidade de reconhecimento por parte de um grupo, ou de alguém em especial, vai além da beleza ou da riqueza. “Muita gente quer ser admirada pela cultura, a inteligência, o temor a Deus ou, simplesmente, pela capacidade de cuidar dos filhos. Assim, o Orkut se transforma em um recurso de auto-afirmação”, avalia. E para que a vaidade permaneça sob controle, a psicóloga aconselha: “o Orkut deve ser usado com moderação. Todos nós queremos ser amados e aceitos, mas há algo de muito errado na vida de uma pessoa que só vive em função do quanto é, ou não, admirada”, resume.
Além de prejudicar relações familiares e sociais, a exposição excessiva no maior e mais importante site de relacionamentos do mundo também pode ser perigosa. O administrador em sistemas de informação, Alexandre Silva, explica que o usuário que exagera nas fotos e nos dados pessoais pode ser vítima, no mínimo, de fofoca. Os casos mais graves podem chegar a crimes como o seqüestro. “Fotos dizem muito sobre uma pessoa, especialmente sobre a posição social. Alguns usuários divulgam telefone, endereço e local de trabalho, o que não é recomendável. Quem nunca ‘rastreou’ alguém pelo Orkut?”, desafia.
Tudo isso, sem falar nos programas de edição de imagem, como o Photoshop e o Coreldraw, que promovem mudanças radicais na fisionomia de uma pessoa. “Atualmente, todo álbum de Orkut tem, no mínimo, uma foto mexida. Os ajustes vão das cores e do brilho até a cirurgia plástica completa.”, comenta Alexandre.
Orkut, Orkut meu! Há no mundo alguém mais bela do que eu? As Brancas de Neve que se cuidem, a rede não é nenhum conto de fadas. Haja vaidade! Haja rainha má!

Vida de cão

Se mandar deitar, eu deito.

Se mandar rolar, eu rolo.

Fingir de morto?! Melhor ainda...

Uma homenagem ao fofo Tiquim

Inconsciente poderoso


Minha psicanalista surtou e eu quase surtei junto. Ainda fico perplexa ao me lembrar daquela conversa ao telefone, nunca me senti tão ultrajada. É claro que já ofendi e fui ofendida, sou gente. Mas aquelas palavras doeram mais.
Foram meses, talvez anos, de psicanálise. E fiz direitinho. Falava tudo o que me vinha à cabeça, o que parece fácil para uma comunicadora. O problema é que, em um divã, tudo o que vem à mente, e à boca, é a expressão de um inconsciente revelador, muitas vezes doloroso demais. Ainda assim, sempre me senti confortável nesse processo de autoconhecimento. Era o que eu queria. Confiava e até admirava a profissional que escolhi. O que eu não poderia imaginar era que tudo acabaria aos berros. Não meus. O desequilíbrio estava do outro lado da linha.
A psicanálise não é um tratamento rápido e, muito menos, barato. E foi exatamente o dinheiro, ou a falta dele, que me fez pensar em parar. "Mas como, logo agora?". Pensei um pouco mais e decidi que fazer apenas uma sessão por semana seria a solução mais econômica. Não deu certo. Meu inconsciente já estava decidido. No dia marcado, o cansaço me fez dormir. Perdi a sessão. Minha psicanalista ligou dois dias depois e não pude atendê-la. Então, resolvi que, antes de retornar, iria pensar: continuaria, ou não, o tratamento? Na sessão seguinte teria a resposta.
Mas ela ligou antes e, desta vez, atendi. Tentei me desculpar pela ausência e explicar que estava confusa, precisava de um tempo para decidir. Foi inútil. A profissional que eu tanto admirava, especialmente pela firmeza e serenidade, estava descontrolada. "Você está em dívida comigo. Me fez esperar 45 minutos, como uma palhaça. E ainda te ligo e você não me atende".
"Eu, hein?!", pensei. "Ela está estranha, gritando". Então, mais uma vez tentei falar, sem sucesso. "Quando você precisou, eu te ajudei. Será que tudo de ruim que acontece na sua vida não é porque você usa as pessoas e joga fora?". Credo! Esse "tudo de ruim" era o que eu confiava a ela, em análise? Cadê a ética? Me assustei. Pedi para parar, já estava bastante constrangida. Ela disse que o constrangimento era recíproco. Sugeri que marcasse um horário para acertamos as contas e ela disse que a questão não era o dinheiro e, sim, a consideração.
Falemos de consideração. Por mais de uma vez a minha psicanalista me esqueceu. É isso mesmo, es-que-ceu. Uma vez tentou me convencer de que eu havia confundido a hora. Não confundi. Em outra, simplesmente reconheceu que estava com a memória fraca. E tem mais, na última sessão ela marcou duas pacientes no mesmo horário. Me dispensou em poucos minutos sob a justificativa de que eu deveria refletir em casa.
Vou refletir em casa, agora e para sempre. O surto da minha psicanalista só reforça a decisão de parar. Não admiro, não confio mais na pessoa que, ao invés de me orientar, me desorientou. E uma frase que gosto muito me vem agora à lembrança: "se exponho a você minha nudez como pessoa, não me faça sentir vergonha". O que diria Freud? O inconsciente é mesmo poderoso!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

É pro Fantástico?


Agora é fato. O programa Fantástico, da Rede Globo, adotou definitivamente o gênero. Domingo sem entrevista “exclusiva” não é mais domingo. Primeiro Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de assassinar a menina Isabella; depois o jogador Ronaldo, envolvido em um escândalo fenomenal com travestis; e, por último, a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, que até então permanecia em silêncio.
Todos se renderam aos encantos da “telinha” e, como um eco, aquela velha pergunta invade a minha mente: “é pro Fantástico?”. Que poder midiático é esse que faz com que personalidades públicas prefiram determinada emissora para falar “com exclusividade”? Índices de audiência, credibilidade? Ou seria a certeza de ser muito bem cuidado pela doce repórter e apresentadora, Patrícia Poeta?
Talvez tudo isso ou nada disso porque cabe ainda um questionamento: por que ouvir as justificavas de Alexandre e Anna Jatobá foi tão chato? E por que partilhar o sofrimento de Ana Oliveira pareceu tão natural? Catarse. A mídia escolhe nossos ídolos e vilões sem ao menos percebermos. Confesso que no caso do Ronaldo dá para ficar “em cima do muro”. Transformá-lo em vilão de uma hora para outra, nem pensar. Dá trabalho construir ídolos, especialmente se forem nacionais.
Só fico imaginando qual será a entrevista “exclusiva” desta semana. Se o eleito for mocinho quero rir ou chorar junto. Se for bandido quero me indignar muito. Mas tudo "em primeira mão"! “É pro Fantástico?”.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Travesti, não pode. Prostituta, também não!

Virou moda. Depois de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, presos pelo assassinato da menina Isabela, agora foi a vez do “fenômeno” do futebol mundial conceder uma entrevista interminável ao programa Fantástico, da Rede Globo. O tom da conversa foi de reverência ao craque. A repórter e apresentadora, Patrícia Poeta, se enconlheu diante do ídolo.
Em casa, um cenário paradisíaco em Angra dos Reis (RJ), o atacante do Milan estava à vontade e, mais uma vez, as declarações dadas ao Fantástico pareceram ensaiadas, combinadas. Acreditar na versão de Ronaldo foi fácil, difícil foi concordar com ela. O fato é que o jogador se envolveu em uma tremenda confusão com travestis. A justificativa é que ele achava se tratar de prostitutas.
Quer dizer que prostitua pode? Atleta bem sucedido, milhonário e noivo de uma beldade, Ronaldo não tinha motivos aparentes para procurar uma garota, ou garoto, de programa. Nas ruas, a opinião é unânime: “ele já namorou as modelos mais lindas do mundo. Pode ter a mulher que quiser”. Mas ele não quis e agora paga o alto preço de uma exposição negativa na mídia. É o preço da fama.
Não fosse a estrela que é, o jogador provavelmente escaparia ileso das especulações. O problema é que patrocinar a prostituição e todas as violências a ela associadas arranha gravemente a imagem de alguém que ganha fortunas com propaganda e ainda carrega o título de embaixador da boa vontade da ONU.
Durante a entrevista ao Fantástico, Ronaldo se confundiu, disse que era embaixador da Unicef. Não foi corrigido pela entrevistadora. Patrícia Poeta não o alertou sobre o fato de que o favorecimento à prostituição é crime no Brasil. Também, não poderia! A global estava hipnotizada pela simpatia do craque, especialmente quando ele declarou: “fiz uma grande besteira”.
Ronaldo fez uma besteira fenomenal. Já foi perdoado pela noiva e, certamente, será perdoado pela opinião pública. Mas que fique a lição: travesti não pode, prostituta também não!

domingo, 27 de abril de 2008

Direito de defesa ou confissão?

Resisti o quanto pude, mas acabei fisgada pelo “Caso Isabella”. Exercendo meu direito de jornalista e, acima de tudo, de cidadã brasileira, também quero comentar o crime que está mexendo com as emoções e o imaginário popular. O objetivo aqui não é tratar da violência que assola as famílias brasileiras, tema bastante debatido nas últimas semanas, e muito menos especular a culpa ou a inocência do casal, já indiciado pelo assassinato da menina. O que me interessa é apenas questionar: por que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta de Isabella, sucumbiram à mídia? Por que falar à imprensa?
A íntegra da entrevista concedida ao Fantástico, da Rede Globo, tem 35 minutos. A emissora garante que, no ar, foram feitos apenas dois cortes para “suprimir repetições”. Ainda assim, a participação do casal no programa me pareceu repetitiva demais. A fala aparentemente ensaiada dos dois deu o tom de uma entrevista arrastada, enfadonha. Alexandre expressou por duas vezes, e com grande esforço, um “sorriso amarelo” que pouco convenceu. Anna Carolina chorou, não sei se pela injustiça da acusação ou pela culpa.
Pai e madrasta disseram inúmeras vezes que são “totalmente inocentes” e não se cansaram de repetir que fazem parte de uma “família muito unida”. Fiquei entediada e, ao mesmo tempo, intrigada. Que efeitos teriam aquelas declarações sobre a opinião pública? O que pensaria a grande massa? O casal tinha o direito, e o dever, de se defender em rede nacional ou acabou fazendo uma confissão pública com a credibilidade questionável daquelas respostas?
Defendo que a entrevista prestou apenas um serviço ao público, o de reforçar impressões. Quem aposta na culpa de Alexandre e Anna Carolina teve elementos suficientes para confirmar que os dois foram dissimulados. Já quem defende a inocência deles pode até ter sentido pena, acreditando que eles estão mesmo sendo vítimas de acusações infundadas.
“Deus é nossa principal testemunha”, disseram o pai e a madrasta de Isabella durante a entrevista. Eu e todos que acreditam, pelo menos, no direito de defesa do casal até que o caso seja concluído, só esperamos que a justiça dos homens seja feita antes da justiça divina.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Metade


"Porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade"

No Elevador do Filho de Deus


A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas

Há porradas que não têm saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressuscitada
passaporte sem mala
com destino de nada!

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheia do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já tô ficando especialista em renascimento
Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!

Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois, ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.
Por Elisa Lucinda

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Calada


Estou completamente muda. Calada no Dia Mundial da Voz. O silêncio bem que poderia ser um sinal de protesto, motivo é o que não falta. É cartão corporativo pra cá, dossiê pra lá e mosquito da dengue pra todo lado. Isso sem falar nos "casos". Caso Madeleine, Caso Lucélia, Caso Isabella, caso, caso, caso...
Mas meu caso é outro. A voz sumiu. Primeiro foi a dor na garganta, depois a rouquidão e por fim o silêncio. Não sai nada, nadinha. Nenhuma palavrinha...
Vou ficar de repouso, tomar muita água e esquecer o gelado. Ar condicionado, nem pensar. Fumar não fumo mesmo... O jeito é esperar a voz voltar para, aí sim, poder gritar:
"Meu Deus, salva esse mundo!"




quinta-feira, 10 de abril de 2008

7 de abril - Dia do Jornalista



“Amo muito tudo isso”. O slogan da rede de fast-food mais famosa do mundo descreve exatamente o que sinto pelo Jornalismo. O dinamismo da profissão que escolhi me fascina todos os dias, mesmo naqueles em que é preciso varar a madrugada para fechar uma matéria ou até nos fins de semana e feriados de plantão. A família e os amigos custam a entender tanta ausência, mas acabam percebendo que todo sacrifício é recompensado com a reportagem “no ar”.
Fui fisgada pelo Jornalismo quando era ainda criança. O prazer da leitura, que começou com os gibis da Turma da Mônica, aos poucos deu espaço também à vontade de escrever, de falar, de me expressar. O gosto pelas aulas de Português e Redação crescia a cada dia. Tudo isso, sem falar na curiosidade. Sempre fui curiosa, me interessava pelos mais variados assuntos, dos problemas da família aos acontecimentos do bairro e até do mundo. Os programas de rádio e televisão me causavam um fascínio indescritível até que, na 8ª série do Ensino Fundamental, uma professora declarou, quase como uma profecia: “Menina, você fala demais. Vai ser jornalista”. Não deu outra. Oficializei o meu pacto com o Jornalismo há oito anos, quando conclui o curso de Comunicação Social, na Universidade Federal de Goiás.
Hoje, editora chefe de um telejornal da Rede Record, posso dizer com experiência: ser curiosa, ler, escrever e falar muito era só o primeiro passo do grande desafio de ser jornalista. O processo de construção de uma reportagem tem começo, meio e fim, mas não termina na conclusão de um texto. Os efeitos gerados por uma notícia ultrapassam as ondas do rádio, a tela da Tv e as páginas dos jornais. Por isso, é preciso ter responsabilidade. O trabalho de um jornalista vai do dever de deixar a população bem informada até a denúncia de irregularidades. Enfrentar o mundo por meio da comunicação é tentador e aparentemente divertido, mas é muito mais do que isso. O jornalista tem um compromisso com a verdade.
Por isso, comemorar o Dia do Jornalista é comemorar também a criatividade, a liberdade de expressão e o conhecimento sem fronteiras. O jornalista comprometido com o seu trabalho é responsável, sim, por um mundo melhor. Sou grata a todos os colegas jornalistas que me permitem conhecer outros lugares, novas pessoas e tantas idéias. Também tenho muito orgulho de ser jornalista e de poder expressar neste artigo: “Amo muito tudo isso”.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Aquecimento


O tão esperado primeiro passo foi dado.
Comecei a malhar!

Não vou alimentar grandes ilusões até porque, falando em alimentação, comi bolo de chocolate quando cheguei da academia.

Mas, voltando à grande meta, só por hoje... Só por hoje eu fiz alongamento, esteira, subi e desci peso.

Amanhã?! Só Deus e a gordurinha localizada para darem um jeito na minha preguiça.

Bem que disseram que preguiça é pecado...

sábado, 5 de abril de 2008

Mudar o mundo?


"Um ato real de carinho e amor de cada vez"

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Me senti assim...


"Pior do que uma voz que cala é um silêncio que fala"

O desafio do recomeço

Quem disse que seria fácil? Voltar à universidade para fazer um segundo curso superior parecia tentador e eu, claro, aceitei o desafio. Só não imaginava que, oito anos depois de me formar, o ambiente acadêmico parecesse tão assustador.
Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Rádio e Televisão, pela Universidade Federal de Goiás, me vi diante de um dilema: complementar, ou não, a minha habilitação? Complementar, claro! Mais conhecimento, um diploma de jornalista, mais espaço no mercado de trabalho. Ótimo! Mãos à obra. Eu já estava totalmente convencida.
Voltei. Depois de todo o processo de inclusão como portadora de diploma, veio o primeiro dia de aula na Universidade Católica de Goiás. Ah, o primeiro dia de aula... Parecia o primeiro dia de aula da minha vida. A sensação era de que eu tinha apenas seis anos de idade. Logo eu, que até pós-graduação já fiz. Então, por que o medo? Era medo sim, medo de encarar o novo, o desconhecido. Aos 30 anos, passar despercebida em uma turma de pós-adolescentes não é tarefa simples.
É claro que me sinto jovem, cheia de planos e projetos. Mas a garotada me deixa em pânico. Meus colegas conversam o tempo todo, acham graça de tudo, fazem piada de quase tudo. O celular se transformou em órgão vital do corpo humano. Neste caso, do corpo humano deles porque eu detesto celular. Mas a minha turma adora. A galera não se separa do aparelho por nada. Em plena aula dá para tirar foto, ouvir música e, claro, telefonar. O conteúdo? Fica para segundo plano. É muita energia, muita disposição, muita troca de experiência. Não dá para se preocupar tanto com a aula. E eu no meio de tudo isso, só querendo me formar.
Às vezes, tenho a sensação de que os professores dividem esse pânico comigo. Mas eles estão preparados, estão do lado de lá, têm autoridade. Eles tiram de letra. Eu é que ainda estou meio perdida. Mas confesso: pode ser divertido estar perdida. Depois de algumas semanas de aula aprendi que essa relação com os meus colegas mais jovens pode me acrescentar muito. Muito mais do que eu imaginava. Outra geração, outro olhar sobre o mundo, expectativas renovadas sobre a profissão. Posso aprender, posso ensinar, posso participar.
Quem disse que seria fácil? Ninguém!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Pais adotivos não torturam crianças


A agente policial Jussara Assis começou a tremer quando entrou no apartamento da empresária Sílvia Calabresi. Ela e os colegas sabiam, por meio de denúncia anônima, que a empresária torturava uma criança, só não esperavam encontrar tanto sofrimento. Adotada informalmente por Sílvia, a menina de 12 anos, Lucélia, sofria todo tipo de maus tratos. Estava amarrada a uma escada de ferro quando os policiais chegaram.
Os horrores vividos por Lucélia durante os dois anos em que esteve sob a guarda da empresária foram amplamente divulgados pela mídia. Faltou dizer que mães adotivas não torturam crianças. Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, Sílvia justificou os maus-tratos dizendo que “estava educando”. Educando? Sob o mesmo pretexto da educação, a empresária torturou outras cinco meninas. Todas adotadas por ela.
Do ponto de vista jurídico, a adoção é um procedimento legal, regulamentado pelo Código Civil e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que consiste em “priorizar as reais necessidades, interesses e direitos de uma criança”. Em uma definição mais natural, adotar é atender aos pedidos afetivos, materiais e sociais de um ser humano, em um ambiente familiar saudável. Tudo o que Lucélia não tinha na casa de Sílvia Calabresi.
Para a polícia, a empresária apresenta sinais claros de psicopatia. A delegada responsável pelo caso, Adriana Accorsi, diz que “Sílvia é sádica, sente prazer em machucar meninas e em momento nenhum demonstra arrependimento”. Por que, então, dizer que a empresária adotava meninas? A adoção, vista como um fenômeno de amor e dedicação deve ser incentivada pela lei.
Que fique aqui uma lição: deixar um filho sob a guarda ilegal de quem quer que seja é um equívoco, um grande risco. Os pais biológicos de Lucélia são separados e enfrentam dificuldades financeiras, nada que justifique o que aconteceu. A menina foi entregue a Sílvia para ter uma vida melhor. Mas o que pode ser melhor do que o afeto de um pai? Lembrando que este pai, ou mãe, pode sim ser adotivo. Pais adotivos não torturam crianças.

Torcidas organizadas: paixão que virou loucura

É domingo. O clima deveria ser de festa, afinal é dia de futebol, dia de “paixão nacional”. Mas, no Estádio Serra Dourada, o cenário é de terror e a guerra é nas arquibancadas. Torcedores uniformizados de Goiás e Vila Nova se enfrentam aos murros e ponta pés em frente às cabines de rádio e TV. Corre-corre e pancadaria também fora do estádio. Resultado: a Polícia Militar (PM) pede ao Ministério Público (MP) a extinção das torcidas organizadas.
A proposta não foi bem recebida pela Federação Goiana de Futebol (FGV) nem pelo MP e, muito menos, pelas torcidas organizadas. Todos defendem que, para o fim da barbárie, outras medidas devem ser adotadas. Mas que medidas seriam essas? Enquanto FGV, MP e os próprios torcedores tentam encontrar a resposta, a PM já anunciou algumas mudanças para os dias de clássico entre Goiás e Vila. A escolta no trajeto para o estádio e no retorno às sedes das organizadas vai acabar e a entrada de bandeirões, faixas e rojões no Serra Dourada foi proibida. A administração do estádio também vai fazer reformas. A instalação de grades deve manter uma torcida distante da outra e a construção de dois muros vai dividir o público.
Juntos ou separados? Acompanhados da polícia ou sozinhos? Com bandeiras ou sem bandeiras? Enquanto as propostas para acabar com a violência passam pela infra-estrutura do Serra Dourada, a discussão em torno da extinção, ou não, das torcidas organizadas pouco avança. É preciso ir além. Com um olhar mais atento, dá para perceber que acabar com as organizadas não resolve. No cenário mundial, onde há futebol há confronto dentro e fora de campo. E o problema não é a bandeira ou a cor da camisa. Em muitos momentos, o enfrentamento acontece entre torcedores do mesmo time ou até entre amigos. A violência é inerente ao comportamento social e não ao futebol.
Se alguém vai assistir a um jogo de futebol com a intenção de brigar, pouco importa se está organizado ou desorganizado. A confusão vai acontecer de qualquer jeito, em qualquer lugar. E a pergunta continua: o que fazer para por fim a tanta baderna? Extinguir, ou não, as torcidas organizadas? O caminho é a punição. Torcedores, diretores de torcida e até os clubes devem ser severamente penalizados. Invasão de campo? Três jogos com portões fechados, multa e prisão para os responsáveis. Reincidência? Todos os jogos com portões fechados e punições mais graves. Confusão fora do estádio? Perda de mando de campo por no mínimo seis jogos, multa e prisão para os brigões. Confronto com morte? Perda do mando de campo até o fim do campeonato e cadeia para os culpados.
Acabar com as torcidas organizadas, não. Castigar os baderneiros, sim. Futebol é espetáculo, é paixão nacional. Basta!

Beleza porta a porta

Mariana Velozo, 25 anos, publicitária e revendedora da Avon. Revendedora da Avon? É isso mesmo! Mari, como é chamada pelas amigas e clientes, coordena a equipe de comunicação da Ordem dos Advogados do Brasil, em Goiás, há três anos e está muito satisfeita com a carreira. O que ela não esconde é uma verdadeira paixão por produtos de beleza. A relação da publicitária com os cosméticos começou há oito anos por influência da mãe, na época revendedora.
Mari, que acabava de ingressar na faculdade, resolveu ganhar um dinheiro extra, mas quando percebeu já estava totalmente fisgada pelo negócio. “Tenho pouquíssimo lucro. Transformo praticamente tudo o que ganho em produtos para o meu próprio consumo”, confessa entre risos.
A jornalista Paula Arantes, amiga e colega de trabalho de Mariana, é cliente fiel da revendedora. Ela calcula que, todo mês, gasta pelo menos 30 reais com cosméticos. A maquiagem é o item preferido da jornalista. “É muito cômodo ter uma revistinha da Avon sempre por perto”, justifica. E com tanta facilidade, ela não consegue resistir. “Nunca exagerei, mas já comprei coisa que não precisava”, admite Paula.
Mariana e Paula não são as únicas. A venda direta – ou “porta a porta” – de cosméticos é um negócio que conquistou mulheres de todo o mundo. A marca Avon, por exemplo, movimenta 8 bilhões de dólares por ano no mercado global. São mais de 5 milhões de revendedoras e 40 mil funcionários espalhados pelos cinco continentes. Os números são da própria empresa e estão relacionados no site da marca.
Um portal na internet também traz curiosidades sobre a criação da Avon, nome em homenagem a William Shakespeare, escritor nascido na cidade inglesa de Stratford-on Avon. A empresa foi criada há mais de 120 anos, em Nova York, Estados Unidos, por David McConnel. Vendedor de obras literárias de porta a porta, McConnel teve a idéia quando passou a presentear clientes com um frasco de perfume. As fragrâncias acabaram fazendo mais sucesso do que os livros.
Para a dermatologista Valéria Estrela, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, a tradição e o sucesso de uma marca não justificam qualquer tipo de descuido com a saúde. Ela explica que os cosméticos são produtos autorizados pela Vigilância Sanitária e podem ser comercializados livremente. A profissional não condena todos os itens do catálogo, mas reconhece que quando o assunto é tratamento não prescreve produtos que não sejam da linha médica. “Se um paciente resolveu tratar a pele, que seja com um dermatologista e não com cremes de revistas”.
Valéria Estrela critica, principalmente, a propaganda enganosa. “Até que ponto não compramos uma ilusão?”, questiona. “A indústria dos cosméticos fatura bilhões, por ano, com a promessa de que em quatro semanas a cliente vai estar com a pele de uma modelo. Um creme cosmético não se compara a um creme de tratamento médico supervisionado por um dermatologista. É preciso estar atento”, conclui.