"Se exponho a você minha nudez como pessoa, não me faça sentir vergonha!"

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Torcidas organizadas: paixão que virou loucura

É domingo. O clima deveria ser de festa, afinal é dia de futebol, dia de “paixão nacional”. Mas, no Estádio Serra Dourada, o cenário é de terror e a guerra é nas arquibancadas. Torcedores uniformizados de Goiás e Vila Nova se enfrentam aos murros e ponta pés em frente às cabines de rádio e TV. Corre-corre e pancadaria também fora do estádio. Resultado: a Polícia Militar (PM) pede ao Ministério Público (MP) a extinção das torcidas organizadas.
A proposta não foi bem recebida pela Federação Goiana de Futebol (FGV) nem pelo MP e, muito menos, pelas torcidas organizadas. Todos defendem que, para o fim da barbárie, outras medidas devem ser adotadas. Mas que medidas seriam essas? Enquanto FGV, MP e os próprios torcedores tentam encontrar a resposta, a PM já anunciou algumas mudanças para os dias de clássico entre Goiás e Vila. A escolta no trajeto para o estádio e no retorno às sedes das organizadas vai acabar e a entrada de bandeirões, faixas e rojões no Serra Dourada foi proibida. A administração do estádio também vai fazer reformas. A instalação de grades deve manter uma torcida distante da outra e a construção de dois muros vai dividir o público.
Juntos ou separados? Acompanhados da polícia ou sozinhos? Com bandeiras ou sem bandeiras? Enquanto as propostas para acabar com a violência passam pela infra-estrutura do Serra Dourada, a discussão em torno da extinção, ou não, das torcidas organizadas pouco avança. É preciso ir além. Com um olhar mais atento, dá para perceber que acabar com as organizadas não resolve. No cenário mundial, onde há futebol há confronto dentro e fora de campo. E o problema não é a bandeira ou a cor da camisa. Em muitos momentos, o enfrentamento acontece entre torcedores do mesmo time ou até entre amigos. A violência é inerente ao comportamento social e não ao futebol.
Se alguém vai assistir a um jogo de futebol com a intenção de brigar, pouco importa se está organizado ou desorganizado. A confusão vai acontecer de qualquer jeito, em qualquer lugar. E a pergunta continua: o que fazer para por fim a tanta baderna? Extinguir, ou não, as torcidas organizadas? O caminho é a punição. Torcedores, diretores de torcida e até os clubes devem ser severamente penalizados. Invasão de campo? Três jogos com portões fechados, multa e prisão para os responsáveis. Reincidência? Todos os jogos com portões fechados e punições mais graves. Confusão fora do estádio? Perda de mando de campo por no mínimo seis jogos, multa e prisão para os brigões. Confronto com morte? Perda do mando de campo até o fim do campeonato e cadeia para os culpados.
Acabar com as torcidas organizadas, não. Castigar os baderneiros, sim. Futebol é espetáculo, é paixão nacional. Basta!

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