"Se exponho a você minha nudez como pessoa, não me faça sentir vergonha!"

sábado, 24 de maio de 2008

Sem você


"Nem o tempo me faz companhia. Não me arranca essa agonia de viver..."

Orkut, Orkut meu!

“Há no mundo alguém mais bela do que eu?”. A pergunta da rainha vaidosa foi feita a um espelho mágico há muito tempo, em um reino bem distante. Hoje, o melhor seria fazer o questionamento a outra ferramenta, muito mais poderosa: o Orkut!
Para a psicóloga e psicoterapeuta Jordana Yaspers, o Orkut é uma espécie de instrumento para os vaidosos. “Você já viu alguma foto com a legenda: ‘eu entrando no prédio do SPC’, ‘deprimida depois da demissão’ ou ‘chorando quando meu namorado me largou’? Muito pelo contrário, as pessoas estão sempre lindas, bem-sucedidas e felizes no Orkut”, diz ela.
Jordana explica que a vaidade é o desejo de atrair a admiração de outras pessoas e que a necessidade de reconhecimento por parte de um grupo, ou de alguém em especial, vai além da beleza ou da riqueza. “Muita gente quer ser admirada pela cultura, a inteligência, o temor a Deus ou, simplesmente, pela capacidade de cuidar dos filhos. Assim, o Orkut se transforma em um recurso de auto-afirmação”, avalia. E para que a vaidade permaneça sob controle, a psicóloga aconselha: “o Orkut deve ser usado com moderação. Todos nós queremos ser amados e aceitos, mas há algo de muito errado na vida de uma pessoa que só vive em função do quanto é, ou não, admirada”, resume.
Além de prejudicar relações familiares e sociais, a exposição excessiva no maior e mais importante site de relacionamentos do mundo também pode ser perigosa. O administrador em sistemas de informação, Alexandre Silva, explica que o usuário que exagera nas fotos e nos dados pessoais pode ser vítima, no mínimo, de fofoca. Os casos mais graves podem chegar a crimes como o seqüestro. “Fotos dizem muito sobre uma pessoa, especialmente sobre a posição social. Alguns usuários divulgam telefone, endereço e local de trabalho, o que não é recomendável. Quem nunca ‘rastreou’ alguém pelo Orkut?”, desafia.
Tudo isso, sem falar nos programas de edição de imagem, como o Photoshop e o Coreldraw, que promovem mudanças radicais na fisionomia de uma pessoa. “Atualmente, todo álbum de Orkut tem, no mínimo, uma foto mexida. Os ajustes vão das cores e do brilho até a cirurgia plástica completa.”, comenta Alexandre.
Orkut, Orkut meu! Há no mundo alguém mais bela do que eu? As Brancas de Neve que se cuidem, a rede não é nenhum conto de fadas. Haja vaidade! Haja rainha má!

Vida de cão

Se mandar deitar, eu deito.

Se mandar rolar, eu rolo.

Fingir de morto?! Melhor ainda...

Uma homenagem ao fofo Tiquim

Inconsciente poderoso


Minha psicanalista surtou e eu quase surtei junto. Ainda fico perplexa ao me lembrar daquela conversa ao telefone, nunca me senti tão ultrajada. É claro que já ofendi e fui ofendida, sou gente. Mas aquelas palavras doeram mais.
Foram meses, talvez anos, de psicanálise. E fiz direitinho. Falava tudo o que me vinha à cabeça, o que parece fácil para uma comunicadora. O problema é que, em um divã, tudo o que vem à mente, e à boca, é a expressão de um inconsciente revelador, muitas vezes doloroso demais. Ainda assim, sempre me senti confortável nesse processo de autoconhecimento. Era o que eu queria. Confiava e até admirava a profissional que escolhi. O que eu não poderia imaginar era que tudo acabaria aos berros. Não meus. O desequilíbrio estava do outro lado da linha.
A psicanálise não é um tratamento rápido e, muito menos, barato. E foi exatamente o dinheiro, ou a falta dele, que me fez pensar em parar. "Mas como, logo agora?". Pensei um pouco mais e decidi que fazer apenas uma sessão por semana seria a solução mais econômica. Não deu certo. Meu inconsciente já estava decidido. No dia marcado, o cansaço me fez dormir. Perdi a sessão. Minha psicanalista ligou dois dias depois e não pude atendê-la. Então, resolvi que, antes de retornar, iria pensar: continuaria, ou não, o tratamento? Na sessão seguinte teria a resposta.
Mas ela ligou antes e, desta vez, atendi. Tentei me desculpar pela ausência e explicar que estava confusa, precisava de um tempo para decidir. Foi inútil. A profissional que eu tanto admirava, especialmente pela firmeza e serenidade, estava descontrolada. "Você está em dívida comigo. Me fez esperar 45 minutos, como uma palhaça. E ainda te ligo e você não me atende".
"Eu, hein?!", pensei. "Ela está estranha, gritando". Então, mais uma vez tentei falar, sem sucesso. "Quando você precisou, eu te ajudei. Será que tudo de ruim que acontece na sua vida não é porque você usa as pessoas e joga fora?". Credo! Esse "tudo de ruim" era o que eu confiava a ela, em análise? Cadê a ética? Me assustei. Pedi para parar, já estava bastante constrangida. Ela disse que o constrangimento era recíproco. Sugeri que marcasse um horário para acertamos as contas e ela disse que a questão não era o dinheiro e, sim, a consideração.
Falemos de consideração. Por mais de uma vez a minha psicanalista me esqueceu. É isso mesmo, es-que-ceu. Uma vez tentou me convencer de que eu havia confundido a hora. Não confundi. Em outra, simplesmente reconheceu que estava com a memória fraca. E tem mais, na última sessão ela marcou duas pacientes no mesmo horário. Me dispensou em poucos minutos sob a justificativa de que eu deveria refletir em casa.
Vou refletir em casa, agora e para sempre. O surto da minha psicanalista só reforça a decisão de parar. Não admiro, não confio mais na pessoa que, ao invés de me orientar, me desorientou. E uma frase que gosto muito me vem agora à lembrança: "se exponho a você minha nudez como pessoa, não me faça sentir vergonha". O que diria Freud? O inconsciente é mesmo poderoso!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

É pro Fantástico?


Agora é fato. O programa Fantástico, da Rede Globo, adotou definitivamente o gênero. Domingo sem entrevista “exclusiva” não é mais domingo. Primeiro Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de assassinar a menina Isabella; depois o jogador Ronaldo, envolvido em um escândalo fenomenal com travestis; e, por último, a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, que até então permanecia em silêncio.
Todos se renderam aos encantos da “telinha” e, como um eco, aquela velha pergunta invade a minha mente: “é pro Fantástico?”. Que poder midiático é esse que faz com que personalidades públicas prefiram determinada emissora para falar “com exclusividade”? Índices de audiência, credibilidade? Ou seria a certeza de ser muito bem cuidado pela doce repórter e apresentadora, Patrícia Poeta?
Talvez tudo isso ou nada disso porque cabe ainda um questionamento: por que ouvir as justificavas de Alexandre e Anna Jatobá foi tão chato? E por que partilhar o sofrimento de Ana Oliveira pareceu tão natural? Catarse. A mídia escolhe nossos ídolos e vilões sem ao menos percebermos. Confesso que no caso do Ronaldo dá para ficar “em cima do muro”. Transformá-lo em vilão de uma hora para outra, nem pensar. Dá trabalho construir ídolos, especialmente se forem nacionais.
Só fico imaginando qual será a entrevista “exclusiva” desta semana. Se o eleito for mocinho quero rir ou chorar junto. Se for bandido quero me indignar muito. Mas tudo "em primeira mão"! “É pro Fantástico?”.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Travesti, não pode. Prostituta, também não!

Virou moda. Depois de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, presos pelo assassinato da menina Isabela, agora foi a vez do “fenômeno” do futebol mundial conceder uma entrevista interminável ao programa Fantástico, da Rede Globo. O tom da conversa foi de reverência ao craque. A repórter e apresentadora, Patrícia Poeta, se enconlheu diante do ídolo.
Em casa, um cenário paradisíaco em Angra dos Reis (RJ), o atacante do Milan estava à vontade e, mais uma vez, as declarações dadas ao Fantástico pareceram ensaiadas, combinadas. Acreditar na versão de Ronaldo foi fácil, difícil foi concordar com ela. O fato é que o jogador se envolveu em uma tremenda confusão com travestis. A justificativa é que ele achava se tratar de prostitutas.
Quer dizer que prostitua pode? Atleta bem sucedido, milhonário e noivo de uma beldade, Ronaldo não tinha motivos aparentes para procurar uma garota, ou garoto, de programa. Nas ruas, a opinião é unânime: “ele já namorou as modelos mais lindas do mundo. Pode ter a mulher que quiser”. Mas ele não quis e agora paga o alto preço de uma exposição negativa na mídia. É o preço da fama.
Não fosse a estrela que é, o jogador provavelmente escaparia ileso das especulações. O problema é que patrocinar a prostituição e todas as violências a ela associadas arranha gravemente a imagem de alguém que ganha fortunas com propaganda e ainda carrega o título de embaixador da boa vontade da ONU.
Durante a entrevista ao Fantástico, Ronaldo se confundiu, disse que era embaixador da Unicef. Não foi corrigido pela entrevistadora. Patrícia Poeta não o alertou sobre o fato de que o favorecimento à prostituição é crime no Brasil. Também, não poderia! A global estava hipnotizada pela simpatia do craque, especialmente quando ele declarou: “fiz uma grande besteira”.
Ronaldo fez uma besteira fenomenal. Já foi perdoado pela noiva e, certamente, será perdoado pela opinião pública. Mas que fique a lição: travesti não pode, prostituta também não!