"Se exponho a você minha nudez como pessoa, não me faça sentir vergonha!"

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O desafio do recomeço

Quem disse que seria fácil? Voltar à universidade para fazer um segundo curso superior parecia tentador e eu, claro, aceitei o desafio. Só não imaginava que, oito anos depois de me formar, o ambiente acadêmico parecesse tão assustador.
Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Rádio e Televisão, pela Universidade Federal de Goiás, me vi diante de um dilema: complementar, ou não, a minha habilitação? Complementar, claro! Mais conhecimento, um diploma de jornalista, mais espaço no mercado de trabalho. Ótimo! Mãos à obra. Eu já estava totalmente convencida.
Voltei. Depois de todo o processo de inclusão como portadora de diploma, veio o primeiro dia de aula na Universidade Católica de Goiás. Ah, o primeiro dia de aula... Parecia o primeiro dia de aula da minha vida. A sensação era de que eu tinha apenas seis anos de idade. Logo eu, que até pós-graduação já fiz. Então, por que o medo? Era medo sim, medo de encarar o novo, o desconhecido. Aos 30 anos, passar despercebida em uma turma de pós-adolescentes não é tarefa simples.
É claro que me sinto jovem, cheia de planos e projetos. Mas a garotada me deixa em pânico. Meus colegas conversam o tempo todo, acham graça de tudo, fazem piada de quase tudo. O celular se transformou em órgão vital do corpo humano. Neste caso, do corpo humano deles porque eu detesto celular. Mas a minha turma adora. A galera não se separa do aparelho por nada. Em plena aula dá para tirar foto, ouvir música e, claro, telefonar. O conteúdo? Fica para segundo plano. É muita energia, muita disposição, muita troca de experiência. Não dá para se preocupar tanto com a aula. E eu no meio de tudo isso, só querendo me formar.
Às vezes, tenho a sensação de que os professores dividem esse pânico comigo. Mas eles estão preparados, estão do lado de lá, têm autoridade. Eles tiram de letra. Eu é que ainda estou meio perdida. Mas confesso: pode ser divertido estar perdida. Depois de algumas semanas de aula aprendi que essa relação com os meus colegas mais jovens pode me acrescentar muito. Muito mais do que eu imaginava. Outra geração, outro olhar sobre o mundo, expectativas renovadas sobre a profissão. Posso aprender, posso ensinar, posso participar.
Quem disse que seria fácil? Ninguém!

Um comentário:

Jornalista disse...

Fia, a relação com os mais jovens mostra o quanto é bom crescer, amadurecer e que bom que vc está tendo essa oportunidade.