Resisti o quanto pude, mas acabei fisgada pelo “Caso Isabella”. Exercendo meu direito de jornalista e, acima de tudo, de cidadã brasileira, também quero comentar o crime que está mexendo com as emoções e o imaginário popular. O objetivo aqui não é tratar da violência que assola as famílias brasileiras, tema bastante debatido nas últimas semanas, e muito menos especular a culpa ou a inocência do casal, já indiciado pelo assassinato da menina. O que me interessa é apenas questionar: por que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta de Isabella, sucumbiram à mídia? Por que falar à imprensa?
A íntegra da entrevista concedida ao Fantástico, da Rede Globo, tem 35 minutos. A emissora garante que, no ar, foram feitos apenas dois cortes para “suprimir repetições”. Ainda assim, a participação do casal no programa me pareceu repetitiva demais. A fala aparentemente ensaiada dos dois deu o tom de uma entrevista arrastada, enfadonha. Alexandre expressou por duas vezes, e com grande esforço, um “sorriso amarelo” que pouco convenceu. Anna Carolina chorou, não sei se pela injustiça da acusação ou pela culpa.
Pai e madrasta disseram inúmeras vezes que são “totalmente inocentes” e não se cansaram de repetir que fazem parte de uma “família muito unida”. Fiquei entediada e, ao mesmo tempo, intrigada. Que efeitos teriam aquelas declarações sobre a opinião pública? O que pensaria a grande massa? O casal tinha o direito, e o dever, de se defender em rede nacional ou acabou fazendo uma confissão pública com a credibilidade questionável daquelas respostas?
Defendo que a entrevista prestou apenas um serviço ao público, o de reforçar impressões. Quem aposta na culpa de Alexandre e Anna Carolina teve elementos suficientes para confirmar que os dois foram dissimulados. Já quem defende a inocência deles pode até ter sentido pena, acreditando que eles estão mesmo sendo vítimas de acusações infundadas.
“Deus é nossa principal testemunha”, disseram o pai e a madrasta de Isabella durante a entrevista. Eu e todos que acreditam, pelo menos, no direito de defesa do casal até que o caso seja concluído, só esperamos que a justiça dos homens seja feita antes da justiça divina.