"Se exponho a você minha nudez como pessoa, não me faça sentir vergonha!"

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Por quê?

Eu não existo longe de você
E a solidão, é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo...

Por quê? Por quê?
por Adriana Calcanhotto

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A vaga e a fera

A cena é comum. Tenho certeza de que você já experimentou, pelo menos, algo parecido. É tarde de sábado e resolvo dar uma “passadinha” no shopping para sacar dinheiro no caixa “rápido”. Uma, duas, três... Cinco voltas depois e nada de encontrar uma vaga no estacionamento.
Já estou “quase” ficando irritada e eis que surge uma luz no fim do túnel. Sinalizo e aguardo, educadamente, a minha vez de ocupar o espaço. Até porque precisava dar passagem para o carro que saía. Mas eis que surge uma sombra no fim do túnel: um espertinho ocupa a minha vaga. Minha vaga!
Com aquela calma singular de quem está prestes a enfartar encarei o atrevido e cuspi: “você não viu que eu cheguei primeiro?”. Ele cuspiu de volta: “chegou?! E daí?”. Depois dessa incrível demostração de civilidade, o melhor que eu consegui dizer foi: “pode ficar com a vaga, seu mal-educado!”. “Pode ficar com a vaga?!”. Brilhante resposta! Ele deve ter dado boas gargalhadas. Eu, urrando como uma fera, saí sem olhar para trás.
Ah, mas eu tinha um plano... Depois que o troglodita deixasse o estacionamento e entrasse no shopping, eu faria picadinho dos pneus do carro dele. Já tinha escolhido até a trilha sonora do filme Psicose, de Alfred Hitchocock, para a minha vingança. Mas a fantasia durou pouco. No universo infinito de objetos que povoam a minha bolsa, não havia uma faca. Nem uma tesourinha sequer. Afinal, por que eu andaria armada?
E já que não aprendi a fazer justiça com minhas próprias mãos, eu pergunto: como agir em uma hora dessas? Será que não poderiam criar uma lei para proteger a sociedade dos mal-educados? Eu queria, pelo menos, saber o que dizer. E enquanto não aprendo, agradeço por ter recebido de herança as regras básicas do convívio social.
Dizer as palavrinhas mágicas: “obrigada”, “por favor” e “com licença” não é frescura. Longe disso! Enquanto os pais não se conscientizarem de que são responsáveis pela boa educação dos filhos, continuaremos vivendo em um mundo onde é comum, e até aceitável, furar a fila do elevador, jogar papel pela janela do carro e falar palavrão em público. Enquanto não ficar claro que o “meu direito termina onde começa o do outro”, a convivência no mundo estará ameaçada.

domingo, 20 de julho de 2008

Palavras duras

“O que contamina o homem não é o que entra pela boca e sim o que sai dela”
por Jesus Cristo

domingo, 13 de julho de 2008

Eu sou uma pessoa muito especial

Bisbilhotando blogs alheios encontrei um texto que me despertou a atenção. Uma jovem, aposto que é bem jovem, desabafa, ou melhor, desaba. Ao descrever a conversa que teve com um amigo, ela revela uma decepção tão intensa que fiquei comovida.
A menina é apaixonada pelo rapaz e resolve se declarar. Ele se envaidece com a confissão e, no auge do seu orgulho, diz simplesmente: “você é uma pessoa muito especial, mas gosto de outra”.
Pára tudo! Tem coisa pior do que ser especial e não tirar proveito disso? E “muito” especial, então?! Naquela hora a pobre coitada queria qualquer coisa, menos ser especial. Ele que dissesse: “você é feia”, “não faz meu tipo” ou “chegou tarde demais”. Tudo, menos “você é uma pessoa muito especial”. Essa frase está carregada de mensagens subliminares e a verdade é: “especial, mas não para mim”.
E tem mais, quem não é especial? O que é ser especial? Sejamos mais honestos! Eu sou um pessoa muito especial e você também. Mas, e daí?

Flor da pele

Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela" me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final

Um barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Um bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras suicido
por Zeca Baleiro

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Longa espera


"Se a vida é uma longa espera
Então ensina-me a te esperar
Se a vida é breve primavera
Deixe-nos dela beber e já"

terça-feira, 1 de julho de 2008

Morrer sem medo

“A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A reverência pela vida exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir”, escreveu Rubem Alves sobre a morte e o morrer. Mas o que é a vida e como será a morte? A minha, a sua, a de alguém que amamos...
A morte não me sai do pensamento desde que me despedi de uma linda e alegre jovem que sucumbiu ao câncer. Sucumbiremos todos. Morrer é uma realidade irreversível no mundo dos vivos. Mas a vida é tão boa, não quero ir embora! Mário Quintana tem razão: “morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver”.
As religiões defendem que a morte do corpo não é o fim. Existe algo mais e as possibilidades são muitas. Seja no despertar de um sono profundo, no céu, no inferno ou na reencarnação. A vida é sempre eterna. Há quem diga ainda que o nascer, tão festejado por quem o assiste, é uma experiência de morte para o feto. O bebê perde a placenta, que é uma parte de si mesmo, além de deixar o seu habitat, o útero, e sua segurança de vida, o interior da mãe.
Então, se o nascimento para nós é o resultado de uma “quase” asfixia, por que temer a morte? Bom mesmo seria se, depois de certa, a “passagem” fosse mansa e sem dores, longe dos hospitais e em meio às pessoas queridas. Rubem Alves encontrou até uma padroeira para a despedida: a Pietà, de Michelangelo, com o Cristo morto nos braços. No colo daquela mãe o morrer não causaria tanto medo.